terça-feira, janeiro 13, 2009

Reflexao

Lia ha pouco no Mundo Deportivo (onde na capa dizia que o Messi também tinha o prémio de melhor do mundo, mas dos adeptos, nao tendo, por isso, ficado atrás do Ronaldo - é gritante a distorçao da informaçao que se faz aqui) que o Cristiano Ronaldo é fruto da melhor "cantera" de extremos do mundo, onde também se incluiam o Futre, o Figo, o Simao e o Quaresma.







Estou de acordo.

A questao que levanto entao é: como é possível que, ha uns anos a esta parte, o clube que representa a melhor formaçao de extremos do mundo (com 2 Bolas de Ouro em 8 anos) tenha abdicado de jogar com extremos no seu modelo? Do meu ponto de vista é uma clara ruptura entre a formaçao que se faz e o que esta representa para a equipa sénior do SCP. O Barça da última jornada acabou o jogo com 8 jogadores da formaçao. 8! E sao a melhor equipa do mundo do momento. É certo que o Sporting tambem tem tradiçao em centro-campistas, mas nao valeria a pena fazer um trabalho mais coerente entre o potencial da formaçao (e as suas tendências históricas, tal como o Porto sempre fez bons centrais, ainda que porradeiros) e a estrutura da equipa profissional de futebol?

Clubices à parte, parece-me que esta é uma questao de interesse para o futebol português. Ou talvez o SCP prefira alterar a sua linha de formaçao, daí a dispensa do extremo Diogo Viana para o FCP. Talvez até nenhum dos 5 jogadores mencionados tivesse lugar no SCP de hoje em dia, aquele que vemos desde o Peseiro.

Nestas coisas lembro-me sempre da velha escola do Ajax, onde logo desde os infantis o modelo de jogo é o mesmo da equipa sénior. Mas nao ouço este discurso na Academia. Será mera falta de inteligência ou cegueira crónica?

E nao, nao vou sequer falar da "cantera" do Benfica, de onde o mais recente reforço real e comprovadamente decente foi o Rui Costa (e o Maniche-rondando-os-30, vá...).

7 comentários:

Edson Arantes do Nascimento disse...

Sem querer ofender nem melindrar a tese do Prof. (eu sou apenas um curioso), digo-te que essa teoria e prática do mesmo modelo táctico para todas as formações me parece rigído demais.

Então se eu tiver um Rooney e um Higuain na equipa não vou poder alinhar com dois avançados porque a equipa de juvenis joga em 4-3-3?

Julgo que esta matriz de modelos deve estar mais associada à postura em campo, à maneira de estar relativamente ao jogo, à estrutura física e psíquica de jogadores e equipa técnica. Isto sim, parece-me um conceito de clube muito mais abrangente, ao invés de particularizar o problema na questão táctica. E Portugal tem um bom exemplo a este nível, que é o FC Porto, precisamente...

Percebo a tua estalada mas no caso em questão o problema é outro, acho eu.

Referes o Ajax e o Sporting (poderia até acrescentar uma série de clubes franceses, por exemplo o Nantes ou o Auxerre), mas será que não são clubes que vivem, actualmente, com os mesmos problemas?

E qual é o problema: falta de capacidade - financeira, desportiva e de gestão! - para competir financeiramente com clubes oriundos de "mercados" ricos, que lhes "roubam" consecutivamente os melhores jogadores quando ainda nem barba têm...

Já o Barcelona, que também referes, pode pontenciar de forma calma, coerente e tranquila a excelente formação que sempre teve - tem mais de 100 mil sócios pagantes, enche um estádio enorme só com bilhetes de época, vence inúmeros títulos, está inserido num mercado competitivo e de valor, marca presença consecutiva na Champions e arrecada verbas astronómicas em vendas de jogadores e de uma série de produtos e serviços a eles agregados.

Este cenário é distinto de Ajaxs, Sportings, Auxerres, Benficas, Portos e afins... Que utilizam a formação para se financiarem e não o contrário, como é o caso do Barcelona, do Man Utd, e de uma minoria - porque a maioria dos "peixes-grandes" prefere mesmo fornecer-se nos clubes supra...

(Tema interessante mas que veio à baila no fórum errado, talvez, talvez)

antónis disse...

Caro, é bem verdade o que dizes, e a razão é simples: guito. Tão só. Um outro que não é de descurar: hoje em dia, um grande extremo, dos puros, é um jogador raro, e caro, e quem precisa de guito não os aguentam muito tempo.

Finalmente: nestes ultimos anos, o SCP tem feito melhores médios que extremos - Pereirinha será um hibrido, que se adapta bem a extremo/interior e mesmo a lateral.

Depois: O melhor central do mundo tem um passe com um valor menor que um extremo de grande qualidade. Porque é este que enche os estádios, ou dá "share" nas audiências.

E apesar de, muitas vezes, ser o central que faz o corte providencial que salva o jogo, é o extremo que faz os "numeros" que os permitem marcar.

Quanto ao SCP: no ano do Fernando Santos, estavam lá o RQ e o CR, e o SCP preparava-se para jogar com 2extremos abertos. Venderam os 2. O homem bem reclamou...

Até ao presente não têm saído bons extremos da cantera. Paim é uma desilusão, até ver. Diogo Rosado está na forja...

Hoje em dia, vês com frequência o SCP acabar o jogo com 5 ou 6 jogadores da formação,competições europeias incluidos, o que mesmo assim é raro no resto do panorama(olha para o SLB, o unico gajo da formação será o Moreira...)

Diego Armés disse...

Perspectivas interessantes e argumentos válidos dos dois lados. Porém, e por mais que o peso do dinheiro seja aqui questão central, julgo que o Kata tem razão. Por uma questão de pincípio e de coerência, não é adequado que uma equipa que passa 8 ou 10 anos a formar jogadores para jogarem em esquemas que assentam em 2 extremos explosivos (isto é recorrente ao longo dos escalões de formação), culmine, nos séniores, num esquema táctico que abdica desses mesmos extremos. Notem uma coisa: não se trata apenas dos extremos em causa (ou outros que aí venham); trata-se, sim, de todo0s os jogadores que foram "educados" a jogar de determinada forma e que, chegados à equipa profissional, vêm esse ensinamento "reformulado". Penso que o Sporting fica a perder, independentemente do facto (determinante, sim...) de não conseguir segurar os melhores craques.

Quanto ao Benfica, é com muita pena mesmo que vejo aquela "cantera" não produzir porra nenhuma há anos a fio... Por vários motivos - e o financeiro podia vir à baila de novo, uma vez que se trata de investimento no futuro -, mas sobretudo por um: a criação de uma mentalidade "benfiquista" desde cedo dentro do balneário. Há muito tempo que nos faz falta um "capitão" nascido e criado nos relvados da Luz... Pelo menos isso.

Diego Armés disse...

Perspectivas interessantes e argumentos válidos dos dois lados. Porém, e por mais que o peso do dinheiro seja aqui questão central, julgo que o Kata tem razão. Por uma questão de pincípio e de coerência, não é adequado que uma equipa que passa 8 ou 10 anos a formar jogadores para jogarem em esquemas que assentam em 2 extremos explosivos (isto é recorrente ao longo dos escalões de formação), culmine, nos séniores, num esquema táctico que abdica desses mesmos extremos. Notem uma coisa: não se trata apenas dos extremos em causa (ou outros que aí venham); trata-se, sim, de todo0s os jogadores que foram "educados" a jogar de determinada forma e que, chegados à equipa profissional, vêm esse ensinamento "reformulado". Penso que o Sporting fica a perder, independentemente do facto (determinante, sim...) de não conseguir segurar os melhores craques.

Quanto ao Benfica, é com muita pena mesmo que vejo aquela "cantera" não produzir porra nenhuma há anos a fio... Por vários motivos - e o financeiro podia vir à baila de novo, uma vez que se trata de investimento no futuro -, mas sobretudo por um: a criação de uma mentalidade "benfiquista" desde cedo dentro do balneário. Há muito tempo que nos faz falta um "capitão" nascido e criado nos relvados da Luz... Pelo menos isso.

Edson Arantes do Nascimento disse...

Pois, Diego, mas o que eu não concebo mesmo (admitindo, com naturalidade, que possa estar a repetir uma grande asneira...) é que um clube, seja ele qual for, se limite a trabalhar futuros jogadores apenas num sistema de jogo.

Volto a repetir que me parece demasiado rígido ou redutor, como queiram.

Até porque o jogo "futebol", na minha opinião, é muito mais do que isso e as tácticas são como as palavras - em qualquer altura vem um vento que as leva... para longe.

Anónimo disse...

Estou a aprender com este tópico muito interessante. Boas explicações das duas partes. Ainda assim, tenho ideia de que o Sporting aproveitar inteligentemente as habilidades da "cantera" de forma prolongada só se for mesmo na Playstation.

Anónimo disse...

Pior, além de não utilizarem extremos, dão-nos de mão beijada ao rival (pelo menos eu seria assim que me referiria ao fcp...).
O miúdo que foi envolvido no negócio (chamar-lhe-ia barrete, mais uma vez eu) postiga, parece ser bastante bom.

PAPOILA SALTITANTE